quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A Refundação



Sempre que alguma coisa nos corre mal ou ficamos furiosos com alguém, normalmente  somos invadidos por um estado emocional, que a única forma para anestesiar aquela sensação, é soltar  um daqueles palavrões socialmente proibidos e que por isso mesmo ficamos indecisos entre o alívio que sentimos, através do palavrão, ou engolir o que temos para dizer, devido à censura daqueles que nos rodeiam.

Felizmente existem algumas palavras de substituição que, embora não seja a mesma coisa, sempre dá para atenuar a ira do momento. É por isso que passamos a vida a ouvir coisas do tipo: "Fosca-se que já me aleijei" ou " Cum Carago pá, Fogo, dá à sola" ou ainda "Fonix!!!, este gajo é uma melga do Caraças".

Como estas "tiradas" estão sempre associadas a interjeições de dor, raiva, alegria ou outra coisa do género, sempre achei este reportório bastante incompleto, principalmente quando alguém quer usar uma frase mais descritiva.

Por exemplo quando estamos a falar de alguém que passa a vida a chatear-nos a "moleca", dizemos logo: Eu quero é que aquele gajo se .... Pois bem, digam-me lá  qual é das palavras acima descritas, a que fica ali a condizer? por mim, não encontro nenhuma.

Felizmente o nosso Primeiro Ministro, com aquela história da refundação, veio dar uma ajuda importantíssima.

A partir de agora já dispomos de mais uma arma verbal para enfrentar e até combater os políticos, sem ter necessidade de recorrer a qualquer palavrão.

 Por exemplo, quando ouvirmos o Dr. Mário Soares a dizer cobras e lagartos da Troika, a gente diz logo: Quero que o Dr. Mário Soares se REFUNDA, porque ele enquanto governante também chamou, por duas vezes, o FMI e quase nos pôs a pão e água.

Sempre que o  Presidente da República se queixar que ganha pouco, dizemos de imediato: Que se REFUNDA o Cavaco, que ele tem uma reforma para cima de 10 mil euros por mês.

Quando a Dra. Ana Gomes vier a terreiro falar das PPP´s, surgirá logo alguém a dizer: Quero que aquela senhora se REFUNDA porque quando os corruptos do PS estiveram a encher os bolsos à conta das PPP´s, ela esteve calada que nem um rato.

E se alguém der de caras com o Paulinho das Feiras, a primeira coisa que lhe vai dizer é: Já que tu nos afundaste com os teus submarinos, então FONIX pá, quero que tu te REFUNDAS mais os teus silêncios porque o que tu queres é votos, e o Zé Povinho que se REFUNDA.

Finalmente quando, em Janeiro do próximo ano, os Portugueses consultarem a sua folha de vencimento, é ver a malta a arregalar os olhos, ficar lívida de raiva e gritar: "DA-SSSSE!!!" quero é que esta cambada de ladrões se REFUNDAM todos uns com os outros, porque esta miséria do ordenado já nem dá para bater uma Pívia.


domingo, 14 de outubro de 2012

A nova TSU


Há nomes que por mais que a gente dê voltas à cabeça, não consegue perceber o porquê da sua origem. Em concreto refiro-me à famosa Taxa Social Única (TSU).

Se é única, então porque é que os patrões pagam uma e os trabalhadores pagam outra? Logo aqui há qualquer coisa que não bate certo.

Como se isto não bastasse, acresce ainda o facto de, por sugestão da CIP, no Orçamente do Estado de 2013, para quem exporta e dá trabalho a desempregados de longa duração, vai beneficiar de uma nova TSU. Neste caso, ao contrário da primeira versão, quem contribui para esta nova taxa, não são os trabalhadores mas sim os fumadores, por via do aumento, em 30%, do imposto do tabaco.

Portando, quer queiramos quer não, Taxa será certamente, Social talvez seja, Única, é uma pura invenção.

Determinou-se então distingui-las em pelo menos duas Taxas: Uma delas chamada a Taxa Social Antes do Orçamento (TSAO), e a outra designada por Taxa Social Após o Orçamento(TSAO).

Como, em termos de iniciais vai dar no mesmo, decidiu-se então designa-las por TSAO antiga e TSAO moderna.

Quando "eles" tentaram mexer na TSAO antiga, aquilo deu um burburinho dos diabos.

Antes de haver qualquer mexida, o pagode vivia tranquilo, patrões e empregados, cada um tratava da sua TSAO e a coisa funcionava às mil maravilhas.

Quando  Passos Coelho, Vítor Gaspar, António Borges e Braga de Macedo, começaram com trocas e baldrocas a aumentar a TSAO duns e diminuir a TSAO doutros, o País explodiu de tal maneira que aquilo parecia um barril de pólvora a arder, regado com gasolina.

Também não era para menos, há coisas que pela sua delicadeza, por mais manso e bondoso que um povo seja, não pode deixar de se revoltar.

Assim, o País assistiu a uma manifestação de tal envergadura que superou qualquer outra até então existente em Portugal.

Desta vez não foram aos milhares nem às dezenas ou centenas de milhares, foram mais de um milhão e quinhentos mil portugueses que vieram para a rua. Aquelas medidas ultrapassavam todos os limites e o povo não podia tolerar tal afronta.

Nessa grande manifestação, uma das palavras de ordem que mais se ouvia era:

OUVE \ PATRÃO \ NÃO HÁ TROCAS \  NA TSAO.

Havia também outra que, talvez inspirada numa frase muito Portuguesa, embora mais pronunciada no urinóis, dizia assim:

CADA UM \ COM A SUA \ O POVO \ ESTÁ NA RUA.

Em relação à TSAO moderna, aquela que vai ser suportada pelo aumento do imposto do tabaco, também aqui se nota uma grande injustiça.

Como sabemos, os fumadores têm sido as pessoas mais perseguidas e mal tratadas deste País.

Primeiro foram pribidos de fumar nos transportes públicos, depois, no local de trabalho se querem fumar, é vê-los que nem uns desalmados à porta das empresas, a chupar o cigarrito à pressa para não ultrapassarem o intervalo dos três minutos que lhe concedem para o efeito, em seguida foram corridos dos cafés e restaurantes, finalmente levam com mais trinta por cento de imposto para alimentar a TSAO dos outros.

Paulo Portas, sempre atento, defensor das minorias e contrário à subida de impostos, quando soube de tal medida, entrou logo em acção exigindo uma reunião com o Primeiro Ministro e o Ministro das Finanças. Aí, carrancudo e com cara de poucos amigos, dizia que aquilo era inaceitável que os fumadores não podiam ser tratados daquela forma. Passos Coelho e Vítor Gaspar que riam que nem uns perdidos, argumentavam: Oh homem  o que é que quer que a gente faça?, quem manda nisto é a TROIKA, a decisão já está tomada, não há nada a fazer.

Não obstante todas aquelas adversidades e mesmo sabendo que o aumento do imposto era para manter, Paulo Portas conseguiu uma meia vitoria para os fumadores. E foi ele próprio que os informou dizendo: Ao menos, como medida compensatória, os fumadores a partir de agora passam a deixar de ver nos maços de tabaco aquela maldita e assustadora frase que diz: "FUMAR MATA", em sua substituição passará a ser inscrita a seguinte frase:
"FUMAR AJUDA A TSAO".


domingo, 16 de setembro de 2012

A Manif

Eram cerca de três horas da tarde, o calor fazia jus ao mês de Setembro que decorria, mas, com a ajuda duma brisa persistente, o ambiente tornava-se  até bastante agradável.

 A praça estava deserta de carros, aqui e acolá já se viam algumas manchas, coloridas por bandeiras e manifestantes.

Embora o ambiente estivesse calmo e harmonioso, a uma distancia razoável, por parte das forças de segurança, havia um grande frenesim.

Previamente, com a colaboração conjunta da GNR,PSP,MP,PJ,SIS e SIED, tudo tinha sido estudado ao pormenor.

Foi distribuída uma lista constituída por indivíduos considerados perigosos, decidindo-se que o acompanhamento e observação de cada um, seria tratado caso a caso, de acordo a ira e agressividade, registada em situações semelhantes.

O caso considerado mais problemático, era o dum individuo com o nome de Alfredo Barroso.

 Mesmo assim, por motivos Constitucionais, foi-lhe permitido participar na manifestação, desde que devidamente acorrentado, e guardado por quatro polícias do Corpo especial.

Fotógrafos e repórteres, conhecedores dos locais onde os Notáveis, não daquela mas da "nossa praça", costumam assentar arraiais, concentraram-se nesse local, sendo  bem  visível a sua avidez, por obter declarações e pequenas  entrevistas de pessoas importantes que não tardariam em chegar.

O primeiro a surgir foi o Dr. Mário Soares. Cheio de vitalidade, parecia 20 anos mais novo, e mesmo antes que os jornalistas tivessem tempo de lhe colocar qualquer pergunta, já ele lhes dizia que só a grande importância daquele acto, o fazia estar ali, visto que teve que cancelar o lançamento de mais um livro, e adiar para mais tarde, uma palestra que iria dar, por volta das 17 horas, na sua Fundação.

Embora o cartaz, por ele transportado, ainda não estivesse bem erguido, dava para ver a frase:
                                       "Sr. PASSOS, DESAPAREÇA!!!"

Junto desta grande personalidade, começou logo a formar-se outro grupo. Eram pessoas quase todas do PS, estavam em plena cavaqueira, até que um deles olhou ao longe e disse: Olhem! lá vem a Bruxa! De facto, a uma distancia de cerca de duzentos metros, com um ar cansado e bastante carrancudo, lá vinha, a Dra. Manuela Ferreira Leite.

Enquanto a distancia ainda o permitia, alguém, num tom apaziguador, disse: calma! A senhora agora começa a estar do nosso lado, vamos tratá-la com deferência, pode até vir a ser-nos muito útil. É como se, a partir de agora, tivesse-mos uma tópeira no coração do inimigo.

 Entretanto, Ferreira Leite aproximou-se, e logo rodeada por jornalistas e bombardeada com mil perguntas, começou por falar sobre a virtude das revoltas, falou do caso da Maria da Fonte. Além fronteiras, invocou, ao de leve, a Revolta na Bounty, ouviram-na ainda balbuciar a palavra Spartacus, mas o discurso era difícil de entender, levando os jornalistas a entre-olharem-se com alguma apreensão. Valeu a intervenção de Pacheco Pereira que, atento, imediatamente tomou o uso da palavra, traduzindo o verdadeiro significado daquelas sábias palavras.

António José Seguro, também fez questão de marcar presença. Confrontado com uma pergunta de circunstância, proferiu um discurso longo e monocórdico, despertando pouco interesse por parte da  assistência. Todavia o seu cartaz não passou despercebido. As pessoas sabem, que por vezes, uma frase pode ter um significado tão profundo, capaz de tocar no intocável do ser humano e até permanecer para os anais da história. Seguro, como que adivinhando o pensamento daquela gente, deixando até transparecer uma pontinha de vaidade, desdobrou ligeiramente o cartaz, mostrando umas letras vermelhas, cheias de significado, com a seguinte frase:
               
                                         "QUEREMOS MAIS UM ANO"

Entretanto surgiram mais duas personalidades, tratava-se de Manuel Alegre e Miguel Sousa Tavares. Não se mostraram muito dado a entrevistas, traziam cara de poucos amigos, o cartaz era partilhado por ambos e dizia simplesmente:

                                  "MORTE AO COELHO"

Maria de Belém, humanista, mulher de grande sensibilidade, manifestou alguma preocupação por ver palavras tão violentas. Mas esta preocupação rapidamente desapareceu quando alguém a informou que aquele cartaz estava a ser reaproveitado duma outra manifestação em que também ambos haviam participado, não por razões políticas, mas em defesa da caça livre. Afinal de contas, apenas pela diferença de duas patas, não se justificava empreender a feitura dum novo cartaz.

Finalmente as atenções fixaram-se todas num grupo que, embora pouco numeroso, não podia passar despercebido. Aquilo nunca tinha sido visto no nosso País. Mas também não era para admirar, tendo em conta o momento singular na história de Portugal.

 O grupo era formado por várias personalidades bem conhecidas, entre as quais destaco as seguintes: Belmiro de Azevedo, Alexandre Soares dos Santos, Manuel Fino, Américo Amorim e muitos outros que não posso agora detalhar.

Via-se que os membros deste grupo, tinham feito um esforço notável, no sentido de se integrarem plenamente, no espírito daquela circunstancia. O seu ar era jovial,  movimentavam-se despreocupadamente, havia risos e a indumentária era constituída por linhas modernas, desportivas e não se via qualquer fato ou gravata.

Mais importante que tudo isto, era o facto de não haver cartazes individuais. É gente que não age ao sabor das emoções. Trata-se de personalidades que se reúnem, que planeiam, que sabem delinear estratégias e actuar de modo consertado. Resumidamente, são pessoas com qualidades, dignas do nosso apreço e admiração.

 No arranque da marcha, este grupo tomou logo posição na primeira linha. A longa e única faixa branca, partilhada por aquelas personalidades, era dum linho de primeiríssima qualidade, nas letras não havia tinta escorrida e nenhum caracter se encontrava  desalinhado. Muitas pessoas mal podiam acreditar ao verem plasmado naquela faixa, a seguinte frase:

"DINHEIRO DO OPERARIADO, SERÁ SEMPRE REJEITADO!!!"

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Os gaiatolas

Quando em 25 de Julho, Paulo Portas escreveu uma carta aos militantes do seu partido, dizendo que o nível de impostos já tinha atingido o seu limite, deu logo para perceber que se estava a meter num caminho perigoso e irresponsável, Vejamos porquê: Perante o Acórdão do Tribunal Constitucional que chumbou o corte, para 2013, de dois salários, aos pensionistas e funcionários públicos, se a decisão fosse  poupar os privados, mantendo, quando muito, o corte de um salário destes últimos, a pergunta que se colocava era: se o corte de apenas um salário chega, então porque razão se propunha o governo cortar dois? Se, pelo contrário, os privados tivessem mesmo que ser atingidos, com que cara é que  PP aparecia aos seus militantes, quando a mediada fosse anunciada? Um gaiatolas não faria  pior.

Passos Coelho, perante esta carta, ainda podia "atacar o fogo" logo no inicio, falando com Paulo Portas, no sentido de minimizarem os danos. Em vez disso, preferiu enviar-lhe um aviso através da comunicação social, dizendo que, quer se seja independente, do PSD ou do CDS, ninguém pode dizer que não vai haver aumento de impostos. Já vi meninos mimados terem atitudes menos gaiatolas que estes dois meninos queques.

O Relvas, ausente no Brasil, aproveitou par aparecer nas televisões, e com uma pose de pessoa respeitável, veio dizer que o momento não era para divergências. Uma espécie de rapazola mais velho a tentar pôr na ordem, dois imberbes rapazolas.

Quando confrontado com o aumento dos trabalhadores em 7% para a TSU, Paulo Portas, encavacado com a tal cartinha, ficou calado e refugiou-se no estrangeiro, encarregando uns gaiatolas do partido para tentar convencer os Portugueses que aquilo não era um imposto, mas antes, o aumento duma taxa, pensando que estavam a falar para uns milhões de gaiatolas com um QI inferior ao seu, a quem seria fácil enfiar o barrete.

Vítor Gaspar, que parecia o mais adulto, quando confrontado com o facto de em 2011 ter tido sérias dúvidas sobre a eficácia da redução da TSU, veio agora dizer que esta mudança de atitude se deveu ao facto de, desta vez, o estudo ter sido feito numa base empírica. Ena!!! para um teórico puro que ao analisar teoricamente, em 2011, a questão da TSU, tira uma conclusão errada, que ao fazer uma previsão teórica da evolução do desemprego se engana rotundamente e que ao prever, também teoricamente, um déficit de 4,5 para 2012, já admite ultrapassar os 6%, é caso para dizer que o ministro mais teórico até hoje em Portugal, se transformou num ministro, reconvertido ao empirismo. É como se alguém tivesse contratado um engenheiro civil para fazer cálculos de estruturas e ao fim de alguns meses descobrisse que afinal o homem só sabe assentar tijolos.

Perante a questão, sobre a forma como as grandes empresas vão empregar o dinheiro que é retirado aos trabalhadores, Vítor Gaspar limitou-se a fazer um apelo para que as empresas usassem esse dinheiro para baixarem o preço dos bens e serviços prestados aos consumidores. Acreditar no Pai Natal é próprio dum garoto, acreditar nisto é próprio dum gaiatolas.

Ainda voltando ao empirismo, por definição, toda a gente sabe que o mesmo se baseia na observação e experimentação da realidade. Pergunto; onde é que uma medida destas já foi colocada em prática? E com que resultados? Se Vitor Gaspar quer enveredar pelo empirismo, aconselho-o a observar o tremer de raiva  dum desgraçado, que ganha o salário mínimo, ao verificar na folha do seu salário que teve que fazer um donativo, ao seu patrão, de 34  dos 431 euros que até ali ainda lhe restavam. Aproveite, e observe bem o desencanto de alguém, da mesma condição, que ordeiramente já tinha acordado contribuir com três dias de férias e quatros feriados, mesmo que tenha visto, ano após ano, o seu salário a ser reduzido por via da inflação.

E desta vez, Sr. Ministro, não se trata da cantilena da esquerda radical, desta vez trata-se da posição unânime dum povo, constituído por 10 milhões de pessoas, contra a aventura experimentalista, levada a cabo por meia dúzia de gaiatolas.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Passos O Corajoso


Passos já tinha dado sinais de ser dotado dum espírito de grande coragem, de alguém que não se atemoriza perante as dificuldades, enfim, um líder à altura dos acontecimentos. Ele próprio está sempre a dizer aos Portugueses que perante medidas difíceis, não manda recados por ninguém. Ele mesmo virá a terreiro anunciá-las.

Já em Junho de 2011, quando o nosso Primeiro anunciou ao País o corte de 50% do subsídio de Natal , deu para ver, através da sua pose, da sua calma e também da sua expressão facial que tinha-mos o homem certo para o lugar certo.

Para aqueles, menos atentos, que pensaram que essa medida tinha apenas como objectivo marcar uma posição de força, escondendo algum receio ou tibieza, próprios daqueles que recorrem a encenaçãões para esconder as suas fraquezas, enganaram-se rotundamente. e isso ficou bem claro quando alguns meses mais tarde veio anunciar aos reformados e funcionários públicos o corte, não de metade, mas sim o de dois meses completos. Feitas as contas, podemos afirmar que, em poucos meses, a coragem do PM surgiu renovada e multiplicada por quatro.

Desta vez, ao apresentar a receita para 2013, seguramente que Passos Coelho (PC), vai ofuscar tudo o que a história tem contado acerca dos feitos gloriosos dos nossos antepassados.

Se D. Afonso Henriques assustou e afugentou os Mouros, Passos Coelho consegui pôr os Mouros de trabalho, deste País, aterrorizados e de cabelos completamente em pé.  Se a Padeira de Aljubarrota ficou famosa por matar sete homens, o que diremos deste homem que tantos seus semelhantes fará sucumbir? Se o caso do Martim Moniz fez correr tanta tinta, apenas porque um homem ficou entalado, o que dirá a história deste homem que já entalou milhões de Portugueses?

Mas não se pense que a  fama de PC se fica apenas aquém fronteiras, também outros vultos e feitos na cena internacional serão relegados para segundo plano.

Lembrem-mo-nos, por exemplo daquele episódio levado a cabo pelo Rei Leônidas de Esparta que, apenas com trezentos homens combateu com êxito um exército de milhares, ao serviço do império Persa. Tal façanha tem sido, ao longo de milénios, motivo de grandes romances, histórias, narrativas e até filmes, todos conhecidos com o título "OS TREZENTOS". Pois bem, no caso do nosso herói, as suas façanhas, não ficarão conhecidas por "OS TREZENTOS" nem por "OS DUZENTOS" nem seque por " OS CEM". Os gloriosos feitos do nosso grande PC será sempre recordada pelo título, " O UM". Sim!!! será conhecida por "O UM" porque neste caso não foram umas centenas a enfrentar alguns milhares. Não! aqui tratou-se apenas UM, (o grande PC) que conseguiu enfrentar milhões (de pequenos contribuintes), sem que para tal necessitasse de qualquer ajuda, de natureza moral ou material.

 Vejam que até Paulo Portas, seu ajudante de campo, num momento tão crítico, desertou para o estrangeiro, tendo previamente o cuidado de encarregar alguns esbirros partidários, a acalmar a fúria dos Portugueses, afirmando-lhes que desta vez, a sangria dos seus bolsos não se fazia através de qualquer imposto, mas antes por via duma taxasita que a longo prazo reverteria em proveito dos Portugueses.

Para aqueles que pensam que não há grande diferença entra a coragem deste Primeiro Ministro e outros que o antecederam, dado que também se atreveram a sugar os bolsos dos contribuintes, devo dizer-lhe que estão enganados. Desta vez é diferente. Tirar algo a quem ainda tem alguma coisa para dar, pode não ser tarefa fácil, dirigir-se a quem ganha o salário mínimo nacional cujo salário, após descontos para a Segurança Social, se queda pelos 431,65 euros, e dizer-lhe que vai ter que desembolsar mais 33,95 euros, é preciso muita coragem. Mas ter a lata, ainda por cima, de lhe dizer que esta última parcela, não se destina a combater o maldito déficit, mas que vai directamente para a carteira do patrão, nesse caso já não basta ter coragem. É preciso ser temerário.

Porém, desta vez prevejo que vamos ter centenas de milhares de vilões, provenientes dos mais recônditos cantos do País, munidos de enxadas, forquilhas e varapaus, dispostos a pelejar e a escorraçar os Piratas do Reino.


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Cândida Almeida e a Virtude dos Políticos



Uff que alívio!!! Os caros leitores conhecem aquela sensação de mal estar que por vezes se apodera das pessoas, sem que as próprias consigam explicar o porquê dessa sensação? Aquele matraquear que não nos deixa descansar e nos diz continuamente que algo não vai bem, mesmo que não conheçamos as verdadeiras razões? Pois bem, eu desde há bastante tempo tenho vindo a ser invadido por essa incomodidade, e após uma introspecção profunda, concluí que o problema se relacionava com a possibilidade de, no nosso País, existirem práticas de corrupção.

Vim agora a saber que afinal não havia nenhum fundamento para tal preocupação. Just my imagination.

De facto foi um dia memorável, quando ouvi a Procuradora Cândida Almeida dizer, alto e bom som:
O País não é corrupto.
Os políticos não são corruptos.
Os dirigentes não são corruptos.
Enfim, Portugal não é corrupto.

Óptimo, assim vale a pena viver neste cantinho à beira mar plantado.

Todavia, passado algum tempo, aquele sossego, aquela sensação de confiança nas nossas instituições, a certeza inabalável sobre a honorabilidade dos nossos políticos começou a sofrer alguns reveses.

Começo agora a compreender melhor as teorias Freudianas. De facto, não obstante as garantias da Dra. Cândida Almeida, o meu subconsciente continuava, teimosamente, a atormentar-me, perguntando-me continuamente: Então e o Freeport?  então e o Isaltino? então e o BPN? então e as PPP? então e o Sucateiro, então e o Vara, então e os canudos aldrabados, então e os submarinos e o milhão de euros que deu entrada nos cofres do CDS sem se saber donde vieram. Era preciso o contributo de milhares de Jacintos Leite Capelo Rego para se atingir tão elevada cifra. Enfim, numa daquelas noites mal dormidas, ocorreram-me milhares de perguntas e à quinquagésima volta na cama, a minha pobre esposa perguntou-me com preocupação: Estás pior do reumático? Qual reumático qual carapuça, pensei para os meus botões", não há anti-inflamatório nem analgésico que consiga amainar esta dor, esta angustia, esta revolta, esta vontade de esganar a cambada de corruptos que orbitam em torno do poder,  esta ânsia de aniquilar a corja de ladrões e vigaristas que nos conduziram à ruína, quais hienas fartando-se sobre os despojos deste cadavérico País. E ainda como se isto não bastasse, sou obrigado a ver aqueles que deviam combater a escória da sociedade, descer ao seu covil para, presencialmente, invocar a virtude dos canalhas.

Mais uma vez pensei no Freud, aquele malandro, já há muitos anos tinha explicado este tipo de reacção, ele conhecia melhor do que ninguém o que se passa nas catacumbas do nosso inconsciente. Naquela noite estive perto de libertar o Mister Hyde que existe em cada um de nós.

Mais calmo, já com o Dr. Jekyll a tomar conta de mim, voltei a pensar na nossa distinta Procuradora e veio-me à memória quando um jornalista lhe perguntou o que iria fazer quando foi revelada uma garvação efectuada pela polícia Britânica, onde um individuo, sem saber que estava a ser gravado, dizia com todas as letras que o dinheiro desaparecido tinha sido usado para ser entregue, em pequenas quantidades, como luvas, ao então Secretário de Estado do Ambiente, José Sócrates. Em resposta, a Dra. Cândida Almeida disse que nem sequer ia ver essa gravação, invocando o facto da mesma não constituir prova em tribunal.


Caramba, pensei, como eu estava enganado ao julgar que o papel da Ministério Público e da Polícia Judiciária era o de seguir pistas, usar indicios, procurar vestigios, enfim, investigar. Mas não! pelos vistos tudo o que não seja prova irrefutável, não serve, dá muito trabalho, põe-se de lado. 

Também me veio à ideia a diferença de critérios, quando no caso Maddie, porque era preciso apresentar trabalho, bastou que uma jornalista dissesse à PJ que aparecia por ali um individuo estranho a interessar-se pelo caso, para que o pobre do Robert Murat fosse preso, visse a casa revistada e o quintal esburacado. Tudo isto, apenas porque o desgraçado tinha cara de esquisito. Bem, se a moda pega quem sabe se a própria Cândida Almeida também um dia não irá de cana.

Ainda voltando à correlação entre os suspeitos e o aspecto das pessoas, tenho pena que os critérios não se prendam com outras anomalias anatómicas. Não deixaria de ser interessante ouvir a Dra. Cândida Almeida dizer a certos cidadãos: Ai tens nariz de Pinóquio? pois então agora vamos passar a "pente fino" todo o teu passado que é para saberes como é que elas te mordem. Aí sim! eu poderia dormir mais sossegado.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Ditosa Pátria que tal filho teve


Há países que têm a felicidade de ver nascer no seio do seu povo, homens de tal grandeza que, por serem verdadeiros prodígios da natureza, podem mudar por completo o destino duma nação.

Portugal, felizmente, também foi bafejado pela sorte, por ter um Português capaz de hombrear com figuras como Sócrates (o Grego ...safa!), Alexandre Magno, Isaac Newton ou Albert Einstein. Estou-me a referir, claro, ao nosso grande António Borges.

Homem com um curriculum invejável. Foi Vice-Governador do Banco de Portugal (por um triz chegava a Governador); desempenhou funções como Vice-Presidente do Conselho de Administração do banco Golden Sachs, em Londres (por um triz chegava a Presidente), foi Vice-Presidente da Comissão Política nacional do PSD (por um triz chegava a Presidente), foi director do departamento Europeu do FMI ( por um triz chagava a Vice-Presidente, não fora o facto de ter sido despedido, segundo as más línguas ...enfim, gente rasteira e invejosa ) e, finalmente, em 2012 tivemos a sorte de  ter este grande herói nacional, na nobre tarefa de ajudar a salvar o País.

Começou por desbravar terrenos, que outros até ali não ousaram pisar, em questões tão complexas como, renegociações, privatizações, reestruturações, e outras confusões.

A admiração desta grande figura Nacional que já era inquestionável, atingiu o seu  máximo esplendor quando em Junho de 2012, fez saber ao País que tinha descoberto uma medida que rapidamente nos iria tirar desta maldita crise. Borges traduziu a ideia de maneira simples e lapidar: É urgente reduzir salários. E em sinal de patriotismo e abnegação, impôs a si próprio a redução do seu salário para 485 euros mensais, correspondente ao salário mínimo nacional

O povo ao tomar conhecimento destes factos, ficou de tal maneira rendido e entusiasmado que por todo o País surgiram manifestações de apoio, apreço e reconhecimento. Aquilo sim! Foi uma manifestação ao nível do melhor que se tem visto na Coreia do Norte ...Até o Querido Líder teria sentido um pontinha de inveja.

Entretanto o homem não pára, e desta vez, a frente de combate chama-se RTP. De facto, dando continuidade à sua criatividade, António Borges veio anunciar-nos que tinha descoberto uma forma mágica para resolver o problema da RTP.

O problema fica então definitivamente resolvido da seguinte forma: a RTP será concessionada a uma empresa privada que assegurará o serviço público duma forma isenta, competente e transparente, o seu nome será RTPPP (Rádio Televisão Parceria Público Privada). Deste modo, todas os problemas relacionados com défices, prejuízos, excessos de pessoal, multiplicidade de canais, etc, serão transferidos para a empresa concessionária, libertando assim o governo para tarefas mais nobres e consentâneas com o papel que lhe está reservado.

Perante tanto brilhantismo, é difícil compreender como foi possível, embora em número diminuto, terem surgido algumas vozes contrárias a esta solução, invocando que os portugueses têm que continuar a pagar, através da taxa, 150 milhões de euros anuais, para a empresa concessionária.

Em defesa do consultor Borges, é preciso relativizar a questão da taxa, tendo em conta os seguintes aspectos: Primeiro, 150 milhões a dividir por 10 milhões só dá, em média,  15 euritos anuais por cada Tuga. Em segundo lugar, esse valor é distribuído por 12 meses. Finalmente, tudo misturado com consumo da energia, taxas, sobretaxas, ivas e supertaxas na conta da EDP, quem é que se vai preocupar com essa ninharia?

Por todos os serviços aqui referidos e por outros, que no futuro, este homem continuará a fazer ao País, não há dúvida que António Borges é, e será sempre, um Granda Filho da Pátria.


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O Bloco de Esquerda e o século XXI


Camaradas, dizia Francisco Maçã, chegou o momento das grandes mudanças a operar no nosso partido. De Hora avante, acabou-se a política do chefe único. Isso são formas arcaicas de gestão política. Práticas com as quais um partido revolucionário como BE, deve imediatamente romper.

Por isso já decidi, democraticamente, que o nosso partido passará a ser dirigido de uma forma bicéfala, cujo poder será partilhado por um homem e uma mulher, mais propriamente dito, pelo camarada João Sem Medo e pela camarada Catarina Patins.

Aquilo surgiu com uma bomba no meio dos militantes do BE. Um sussurro de vozes espalhou-se pelo enorme salão. Camarada, dizia um, isto é o despertar  duma revolução gigantesca que se avizinha no nosso partido.

Sim! Concordou o outro. Dizem até que vai ser aberto um concurso de ideias, no sentido de alterar por completo, a forma de pensar, agir e conduzir o nosso partido, passando este a reger-se por praticas inovadoras, vanguardistas e fraturantes.

Por exemplo,dizia outro, vamos substituir a nossa exigência de liberalização das drogas leves pela liberalização de todas as drogas, sejam elas leves, pesadas, duras ou assim assim.

E em relação à nossa dívida externa, também podemos evoluir bastante. Recusar apenas pagar a dívida é coisa do passado. Vamos é exigir aos Alemães, à Srª Merkel e à Troika, uma elevada indemnização pelos traumas psicológicos que nos têm infligido, ao nos terem imposto tanta austeridade.

Entretanto alguém mais avisado, num tom preocupado, retomou a questão da liderança. Mas, camaradas, e se  a experiência da direcção bicéfala não correr bem? Se aqueles dois não se entenderem, por exemplo? Voltar depois ao método antigo, não será visto como uma derrota política?

 Voltar ao método antigo, nunca!!! Gritou de imediato outro militante. Se houver divergências profundas e insanáveis entre a direcção bicéfala, podemos sempre recorrer alguém que possa acumular os dois cargos. Basta, para tal, que nomeemos um bissexual e, nesse caso, não haverá qualquer recuo.

Entretanto uma jovem com ar bastante decidido, de andar seguro e olhar penetrante, aproximou-se do microfone, pediu silencio e iniciou o seu discurso:

Pois eu, camaradas, estou radicalmente contra a ideia de um partido dirigido, conjuntamente, por um homem e uma mulher. Apresentar isso como uma medida revolucionária é o maior disparate que já ouvi em toda a minha vida.

Então nós, BE, que tanto lutamos para juntar homens com homens e mulheres com mulheres. Nós, que conseguimos o casamento entre as pessoas do mesmo sexo, vamos agora regredir centenas ou milhares de anos? Não, camaradas, juntar um homem com uma mulher não faz parte do nosso património genético. Se pretendemos algo verdadeiramente revolucionário, então o que eu proponho é uma direcção composta por vários homens e várias mulheres onde todos, sem complexos, peias ou espartilhos, se relacionem, em plena liberdade e num espírito de perfeita bigamia.

Naquela altura a assistência, que perante tanta determinação, já se encontrava ao rubro, aplaudiu estrondosamente aquela intervenção e todos gritaram em uníssono:

Viva a camarada ANA TRAGO!!!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012


A silly season de Passos Coelho


Laura, meu amor, como eu gostaria de te dar aquelas férias que tanto te prometi. Tantos lugares no mundo, tantos sítios aprazíveis, tantos paraísos por descobrir... Mas, ao pedir aos meus ministros que não fizessem férias no estrangeiro, não nos restou outra alternativa que não fosse a de virmos para fora cá dentro.

Sim, meu amor, eu compreendo...Mas logo na Manta Rota???

Nos tempos que correm, nós governantes, temos que adoptar um estilo de vida frugal, não nos devemos instalar em hotéis de cinco estrelas nem viajar em carros caríssimos de elevada cilindragem.

Sim, meu amor, eu compreendo...Mas logo num Opel Corsa???

O povo vive em grandes dificuldades, o desemprego brota por todo o País, muita gente já nem consegue pagar o empréstimo da casa, e nós, em nome da solidariedade nacional, temos que nos manter fieis às nossas origens, viver com simplicidade e não pensar em mansões de luxo nem viver em locais exóticos.

Sim, meu amor, eu compreendo... Mas logo em Massamá???

Mas Laura, meu amor, tu sabes que eu sou um homem de palavra. tudo o que eu  prometo, cumpro! desde que as circunstâncias não se alterem substancialmente, bem entendido. Por isso, logo que as condições o permitam, lá para 2014 ou 2020, logo se vê, fica a promessa que faremos umas férias de sonho,  viajaremos para o estrangeiro, talvez até em primeira classe, e levar-te-hei à tua terra natal. Só que neste momento, tal ainda não é possível como deves compreender.

Sim, meu amor, eu compreendo... Mas logo à Guiné???.

Serão umas féria inesquecíveis, meu amor, longe da política, teremos mais tempo só para nós, faremos compras, frequentaremos praias com águas cristalinas e  hei-de até cozinhar para ti aquele prato em que eu sou um verdadeiro especialista. Compreendes o que eu quero dizer querida?

Sim, meu amor, eu compreendo... Mas logo Moamba de galinha???

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Ai a minha Fundação.



Mário... Mário...  vem aqui depressa, gritava Maria.

O que é que se passa, Maria? Estás tão nervosa... Não te sentes bem? Estou óptima, descansa, está tudo bem, só que esta notícia está-me a deixar preocupada. Diz aqui que vão passar a "pente fino" todas as fundações.

Era só o que me faltava, disse Soares, com um ar bastante preocupado. E logo agora que eu me preparava para lançar uma nova fundação.

O quê? não me tinhas falado em nada, não querias partilhar comigo o lançamento dessa nova fundação? sabes bem que entre tu e eu....Calma, Maria, calma, atalhou Soares, eu só não te falei ainda em nada porque te queria fazer uma surpresa, aliás, era uma surpresa para ti e, principalmente, para o nosso Joãozinho.

E que fundação era essa que tanto segredo encerrava?. Bem, respondeu Soares, eu estava a pensar em constituir a fundação JONAS SAVIMBI. Como sabes, entre Savimbi e a nossa família sempre existiram grandes laços de amizade, solidariedade e fraternidade. Por outro lado, a família Dos Santos, ao sair vencedora daquela guerra, apoderou-se de tudo. Ele foi o ouro, o petróleo, os diamantes, dizem até que nem o marfim  do Jonas se salvou. Portanto eu acho que uma fundação em memória desse grande herói africano era mais do que justa. Nem que fosse para contrabalançar a excessiva influência que a família Dos Santos está a ganhar aqui em Portugal, que, através da filha, já comprou mais de metade do nosso País.

Mário, agora num tom mais calmo, prosseguiu: De qualquer modo, neste momento, o lançamento de mais fundações está fora de causa. O importante agora é cerrarmos fileiras na defesa da Fundação Mário Soares.

E não só, quase que gritou Maria. Não te esqueças que eu também tenho uma fundação. E escaldada como eu estou, só tenho é que estar preocupadíssima.

Soares, não percebendo a razão de tanta preocupação, disse: Mas, que eu saiba, até hoje, ainda ninguém te retirou nenhuma fundação. Pois não! disse de imediato Maria, mas tu lembras-te qual era a minha posição quando o Portas foi para ministro do governo do Durão Barroso? Eu era  Presidente da Cruz Vermelha!!! Sabes o que é que aquela triste figura, com aquele ar empretigado, me fez? Além de se referir a mim, como a "Marrequinha da Cruz Vermelha", ainda por cima me colocou no olho da rua. Tenho a certeza que neste momento, aquele imbecil, já está a esfregar as mãos para voltar à carga, e atirar às urtigas a minha fundação que muito dignamente se chama "PRO DIGNITATE".

Realmente as coisas, ultimamente não têm andado de feição para a nossa família política. O Sócrates escaqueirou o Pais, o PS perdeu as eleições, o nosso Joãozinho nem a Câmara de Lisboa conseguiu, está tudo a passar-se para a direita, todos nos abandonam, até o Alegre me deu uma facada nas costas quando se candidatou contra mim nas presidências em que eu concorri. Mas esse pagou bem caro o atrevimento quando eu convenci o mon ami da AMI, Fernando Nobre, a concorrer também contra ele.

Calma, Mário, nem tudo são derrotas. Olha o caso do Basílio Horta, ele que era todo CDS e vê lá agora como ele se transformou num PS convicto.

Hum...Não sei não, Maria, eu não confio nele, esse tipo vai sempre para onde lhe oferecem mais... É um traiçoeiro e eu ainda tenho presente aquele debate, nas presidenciais de 1991 quando ele se referiu a mim como um "Padrinho", nunca ninguém me tinha chamado um coisa daquelas, até dei um salto na cadeira. Se, naquela noite, eu não o tivesse colocado no seu devido lugar, aquele individuo, com toda aquela agressividade, ainda era capaz de me tratar por Dom Corleone. Caramba!!! Aquela noite era para se discutir ideologia e política pura. O tipo não tinha nada que se pôr ali a falar da Emaudio, do Fax, do Melancia,do Stresht Monteiro, dos 50 mil contos que a Weidleplan exigia de volta, enfim, coisas sem importância e que não eram para ali chamadas.

Mas tudo isso são águas passadas, Mário, neste momento o que me preocupa é o futuro da minha fundação. Sim... porque na tua fundação, não têm eles coragem para tocar, o País tem uma grande dívida para contigo e tu serás sempre considerado o pai da democracia Portuguesa. No meu caso já não me sinto tão segura. É por isso que eu estava aqui a pensar: E que tal se nós procedesse-mos à fusão das nossas fundações? ficaríamos com uma instituição mais sólida, inatacável e inesquecível para toda a eternidade.

Óptimo! Concordou Soares. E já pensaste no nome dessa grande instituição? Claro!!! Como se trata duma fusão chamar-se-á FUNDIÇÃO MARIA & MÁRIO SOARES.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012


De Catroga para Catroga.

Maldita noite de insónia, Catroga! Não consigo adormecer... sempre a pensar na maldita entrevista que amanhã me comprometi a dar. Oh Catroga, com a tua experiência, com a tua "rodagem" no mundo da política, na área dos negócios, nos debates, etc, etc, qual é o problema em dares mais uma entrevista? O problema, meu amigo Catroga é que eu apostava contigo, tudo aquilo que tu estejas disposto a apostar, em como o malandro daquele entrevistador, amanhã, me vai confrontar com as rendas excessivas na EDP. Maldita hora em que eu falei das rendas excessivas. Mas o que é que tu queres?  naquela altura o Passos estava a dar os primeiros passos, o Sócrates estava na mó de baixo, a comunicação social fervilhava, a Troika estava às portas de Lisboa e eu nessa altura não tinha mãos a medir. Toda a comunicação social me questionava sobre a desgraça em que o País se encontrava, fui conselheiro para as negociações entre o PSD e a Troika, enfim, eu era uma verdadeira estrela. Naquele contexto como é que tu achas que eu podia deixar de falar das rendas excessivas.

Pois é, caro Catroga, como eu percebo a tua insónia. Agora que estás na cadeira do poder daquela empresa que, ainda por cima, representa a mãe de todas as rendas excessivas, quando o tema vier à baila, só te resta dizer que afinal não haviam rendas excessivas. Ah...Isso é fácil de dizer amigo Catroga... mas não te esqueças que essas minhas afirmações ainda estão fresquinhas, pouco mais têm que um ano e os gajos da televisões são capazes de apresentar horas e horas de gravações onde eu falava dessas malditas rendas excessivas. Ficava desacreditado num ápice!

Pronto, então não te resta outra alternativa que não seja a de concordares com as tais rendas excessivas.

Também não é fácil ir por aí, meu amigo, se eu concordar com essas malditas rendas excessivas, a bronca ainda pode ser maior. No dia seguinte vou ter à perna o chinoca das TRÊS GARGANTAS que me vai logo dizer: Catloga... Catloga... cuidado com essa galganta, olha que tu agora tens que zelar pelos nossos intlesses.

Bolas... estás mesmo metido num grande sarilho!

Mas espera!!! Acho que se está a fazer luz nesta cabecinha. Se não podes dizer que sim e também não podes dizer que não, então só te resta dizer: Talvez. Por outro lado, não te esqueças que quando as rendas excessivas foram negociadas, aquilo também pertencia ao Estado. Portanto a tua única saída é dizeres: "Se havia rendas excessivas, então o prejuízo por parte do Estado, é compensado pelo lucro que o Estado encaixou, enquanto accionista da EDP"

Estou a perceber amigo Catroga, é assim quase como se um marido infiel cometesse adultério com a própria esposa, e vai daí, fica tudo em casa. Exactamente!!! Eureka, fez-se luz.

A estratégia parece-me quase perfeita, mas há aqui ainda um  pequeno problema. Qual é o problema Amigo Catroga?

Se o Estado ficou prejudicado em 100% na negociata, e, enquanto accionista, só beneficiou em 20%, que era a percentagem de acções que esse mesmo Estado detinha na altura, então para onde é que foram os outros 80%? Pois é... não me tinha lembrado desse detalhe. Bem, mas isso já são pormenores sobre os quais ninguém te vai perguntar, não te esqueças que o Português nunca aprofunda muito estes temas, o que interessa à malta são as parangonas, as highlits, as buzzwords, enfim, o que importa é não ficares calado no meio da entrevista. Portanto, toca a dormir descansado que, com esta artimanha, amanhã a entrevista vai ser um sucesso.

E assim, Catroga, pode finalmente dormir o sono dos justos.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

As Cajas, as Gajas e os Compadres.



Compadre, aquilo lá para Espanha anda tudo marafado por causa das Cajas. Parece que estão todas falidas.

E você pensa que as Gajas de cá estão melhores?. Mas eles lá parece que lhe chamam Cajas compadre!
Oh!... deixe lá compadre, deve ser tudo a mesma coisa.

Eu sei é que vi lá, numa manifestação, um espanhol com um cartaz que dizia: As Cajas são a nossa ruína, o outro dizia: Nem mais um cêntimo para as Cajas.

Oh compadre, mas você pensa que isso só se passa com os espanhóis? Você conhece ali o compadre Manel Patacho? Esse andou lá para a Alemanha a trabalhar alguns vinte anos e trouxe de lá um belo pé de meia, mas quando voltou, começou aí a meter-se com as Gajas e olhe! ficou na miséria.

Se calhar por isso é que ontem ouvi dizer na televisão que os Alemães não estão dispostos a mandar mais dinheiro para ajudar as Cajas de Espanha.

Acho bem compadre! Bem faz a Gaja que manda lá na Alemanha, em não dar dinheiro para essa maganas.

sábado, 28 de julho de 2012


Relvas e a Irmandade Maçónica


Estava o Irmão Relvas com o seu aventalito, numa daquelas reúniões da Maçonaria e eis que o seu Irmão Damásio (o Manuel, não o António) lhe pergunta: Meu Irmão, que posso fazer por ti? queres ser alguém bem posicionado no mundo da política? almejas o poder absoluto, queres atingir as luzes da ribalta? pretendes dominar o maior partido político do nosso Portugal? e sobrepores-te à maldição da comunicação social a que alguns chamam o quarto poder?

Perante aquele rio de ofertas, Relvas responde: Mas, Irmão, tudo isso já eu conquistei, com o meu trabalho, com a minha inteligência e através da procura do conhecimento permanente, valores pelos quais sempre me norteei.O que eu queria mesmo, Irmão, era ser Doutor, senti esse impulso quando ouvi pela primeira vez o grande Xanana, sim! ele também sonhava em ser Doutor, mas parece que também a ele, os deveres da política lhe tolheram esse grande desígnio.

E porque não vais estudar? retorquiu o Irmão do Irmão Relvas, até podias ir para Coimbra que, segundo me disseram, era esse o desejo do grande Mandela da nossa Lusofonia.Pois é irmão, mas Coimbra é tão loooonge, são tantos quilómetros e sendo eu o futuro timoneiro deste País que tanto de mim necessita, jamais me poderia ausentar para tão logínquas paragens.

Depois de um momento de reflexão, diz o Irmão Damásio, e que tal ali para os lados do Campo Grande, é um local acessível, dali até São Bento é um pulinho e basta passares por lá só de vez em quando, ninguém vai dar pelas tuas faltas, aquilo ali ainda é menos rigoroso que na Assembleia da República.

E que curso me recomendas Irmão? Ciência Política e Relações Internacionais, respondeu de imediato o Irmão Damásio, é uma área onde o País se encontra bastante desfalcado, e se ajudares a preencher essa lacuna, será uma honra para a nossa grande Universidade.

A ideia parece-me esplêndida, disse Relvas com um gesto de assentimento, mas sabes Irmão são Taaaantatas cadeiras e eu já ando tãããão ocupado com a política.

Damásio percebeu que tinha que dar mais um passo para desbloquear aquela situação, perguntando então: Já ouviste falar de Bolonha? Claro respondeu Relvas, é uma cidade bastante turistica, até já pensei em passar por lá umas férias.

 Damásio percebendo que Bolonha não dizia grande coisa ao seu interlocutor, fez-se desentendido e foi directo ao assunto: Com o acordo de Bolonha é possível transformar experiência e conhecimento em cadeiras, portanto, com a tua experiência em Ciência Política ser-te-há atribuido 50% das cadeiras e pelas tuas capacidades em matéria de Relações, Ligações e Conexões, terás direito aos restantes 50%.

O Homem nem queria acreditar, aquilo era mais que um totoloto, era o sonho da sua vida. Uma licenciatura todinha ali aos seus pés. Porém Relvas, homem dotado dum carácter inabalável e imbuído duma profunda ética republicana, não pode deixar de dizer: Mas sabes Irmão, os meus conhecimentos são mais no âmbito de Relações Nacionais e se bem ouvi, o Irmão falou em Relações Internacionais. Tudo bem Irmão! podes colmatar essa pequena lacuna com uma cadeira de Inglês Técnico e tudo se resolve.

Relvas franziu o sobrolho e disse: O meu problema é sempre a falta de disponibilidade, ando ocupadíssimo com a política, são quase 24 horas de 2ª à 6ª feira e fica difícil encontrar tempo para tratar do Inglês Técnico. Bem, disse Damásio, se de semana não tens possibilidade e ao domingo é pouco recomendável, pelas razões que todos conhecemos, então passa por lá num sábado que o nosso reitor trata do assunto e não se fala mais nisso.

Moral da história: Não é necessário pedir-se nada a ninguém. Tem é que se ter os amigos certos.