quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Cândida Almeida e a Virtude dos Políticos



Uff que alívio!!! Os caros leitores conhecem aquela sensação de mal estar que por vezes se apodera das pessoas, sem que as próprias consigam explicar o porquê dessa sensação? Aquele matraquear que não nos deixa descansar e nos diz continuamente que algo não vai bem, mesmo que não conheçamos as verdadeiras razões? Pois bem, eu desde há bastante tempo tenho vindo a ser invadido por essa incomodidade, e após uma introspecção profunda, concluí que o problema se relacionava com a possibilidade de, no nosso País, existirem práticas de corrupção.

Vim agora a saber que afinal não havia nenhum fundamento para tal preocupação. Just my imagination.

De facto foi um dia memorável, quando ouvi a Procuradora Cândida Almeida dizer, alto e bom som:
O País não é corrupto.
Os políticos não são corruptos.
Os dirigentes não são corruptos.
Enfim, Portugal não é corrupto.

Óptimo, assim vale a pena viver neste cantinho à beira mar plantado.

Todavia, passado algum tempo, aquele sossego, aquela sensação de confiança nas nossas instituições, a certeza inabalável sobre a honorabilidade dos nossos políticos começou a sofrer alguns reveses.

Começo agora a compreender melhor as teorias Freudianas. De facto, não obstante as garantias da Dra. Cândida Almeida, o meu subconsciente continuava, teimosamente, a atormentar-me, perguntando-me continuamente: Então e o Freeport?  então e o Isaltino? então e o BPN? então e as PPP? então e o Sucateiro, então e o Vara, então e os canudos aldrabados, então e os submarinos e o milhão de euros que deu entrada nos cofres do CDS sem se saber donde vieram. Era preciso o contributo de milhares de Jacintos Leite Capelo Rego para se atingir tão elevada cifra. Enfim, numa daquelas noites mal dormidas, ocorreram-me milhares de perguntas e à quinquagésima volta na cama, a minha pobre esposa perguntou-me com preocupação: Estás pior do reumático? Qual reumático qual carapuça, pensei para os meus botões", não há anti-inflamatório nem analgésico que consiga amainar esta dor, esta angustia, esta revolta, esta vontade de esganar a cambada de corruptos que orbitam em torno do poder,  esta ânsia de aniquilar a corja de ladrões e vigaristas que nos conduziram à ruína, quais hienas fartando-se sobre os despojos deste cadavérico País. E ainda como se isto não bastasse, sou obrigado a ver aqueles que deviam combater a escória da sociedade, descer ao seu covil para, presencialmente, invocar a virtude dos canalhas.

Mais uma vez pensei no Freud, aquele malandro, já há muitos anos tinha explicado este tipo de reacção, ele conhecia melhor do que ninguém o que se passa nas catacumbas do nosso inconsciente. Naquela noite estive perto de libertar o Mister Hyde que existe em cada um de nós.

Mais calmo, já com o Dr. Jekyll a tomar conta de mim, voltei a pensar na nossa distinta Procuradora e veio-me à memória quando um jornalista lhe perguntou o que iria fazer quando foi revelada uma garvação efectuada pela polícia Britânica, onde um individuo, sem saber que estava a ser gravado, dizia com todas as letras que o dinheiro desaparecido tinha sido usado para ser entregue, em pequenas quantidades, como luvas, ao então Secretário de Estado do Ambiente, José Sócrates. Em resposta, a Dra. Cândida Almeida disse que nem sequer ia ver essa gravação, invocando o facto da mesma não constituir prova em tribunal.


Caramba, pensei, como eu estava enganado ao julgar que o papel da Ministério Público e da Polícia Judiciária era o de seguir pistas, usar indicios, procurar vestigios, enfim, investigar. Mas não! pelos vistos tudo o que não seja prova irrefutável, não serve, dá muito trabalho, põe-se de lado. 

Também me veio à ideia a diferença de critérios, quando no caso Maddie, porque era preciso apresentar trabalho, bastou que uma jornalista dissesse à PJ que aparecia por ali um individuo estranho a interessar-se pelo caso, para que o pobre do Robert Murat fosse preso, visse a casa revistada e o quintal esburacado. Tudo isto, apenas porque o desgraçado tinha cara de esquisito. Bem, se a moda pega quem sabe se a própria Cândida Almeida também um dia não irá de cana.

Ainda voltando à correlação entre os suspeitos e o aspecto das pessoas, tenho pena que os critérios não se prendam com outras anomalias anatómicas. Não deixaria de ser interessante ouvir a Dra. Cândida Almeida dizer a certos cidadãos: Ai tens nariz de Pinóquio? pois então agora vamos passar a "pente fino" todo o teu passado que é para saberes como é que elas te mordem. Aí sim! eu poderia dormir mais sossegado.

3 comentários:

  1. Candida Almeida, a aquivadora-mor de processos no reino...

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  2. Quem te topa ou Candida Almeida é o Sr. Doutor MEDINA CARREIRA.

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