terça-feira, 28 de agosto de 2012

Ditosa Pátria que tal filho teve


Há países que têm a felicidade de ver nascer no seio do seu povo, homens de tal grandeza que, por serem verdadeiros prodígios da natureza, podem mudar por completo o destino duma nação.

Portugal, felizmente, também foi bafejado pela sorte, por ter um Português capaz de hombrear com figuras como Sócrates (o Grego ...safa!), Alexandre Magno, Isaac Newton ou Albert Einstein. Estou-me a referir, claro, ao nosso grande António Borges.

Homem com um curriculum invejável. Foi Vice-Governador do Banco de Portugal (por um triz chegava a Governador); desempenhou funções como Vice-Presidente do Conselho de Administração do banco Golden Sachs, em Londres (por um triz chegava a Presidente), foi Vice-Presidente da Comissão Política nacional do PSD (por um triz chegava a Presidente), foi director do departamento Europeu do FMI ( por um triz chagava a Vice-Presidente, não fora o facto de ter sido despedido, segundo as más línguas ...enfim, gente rasteira e invejosa ) e, finalmente, em 2012 tivemos a sorte de  ter este grande herói nacional, na nobre tarefa de ajudar a salvar o País.

Começou por desbravar terrenos, que outros até ali não ousaram pisar, em questões tão complexas como, renegociações, privatizações, reestruturações, e outras confusões.

A admiração desta grande figura Nacional que já era inquestionável, atingiu o seu  máximo esplendor quando em Junho de 2012, fez saber ao País que tinha descoberto uma medida que rapidamente nos iria tirar desta maldita crise. Borges traduziu a ideia de maneira simples e lapidar: É urgente reduzir salários. E em sinal de patriotismo e abnegação, impôs a si próprio a redução do seu salário para 485 euros mensais, correspondente ao salário mínimo nacional

O povo ao tomar conhecimento destes factos, ficou de tal maneira rendido e entusiasmado que por todo o País surgiram manifestações de apoio, apreço e reconhecimento. Aquilo sim! Foi uma manifestação ao nível do melhor que se tem visto na Coreia do Norte ...Até o Querido Líder teria sentido um pontinha de inveja.

Entretanto o homem não pára, e desta vez, a frente de combate chama-se RTP. De facto, dando continuidade à sua criatividade, António Borges veio anunciar-nos que tinha descoberto uma forma mágica para resolver o problema da RTP.

O problema fica então definitivamente resolvido da seguinte forma: a RTP será concessionada a uma empresa privada que assegurará o serviço público duma forma isenta, competente e transparente, o seu nome será RTPPP (Rádio Televisão Parceria Público Privada). Deste modo, todas os problemas relacionados com défices, prejuízos, excessos de pessoal, multiplicidade de canais, etc, serão transferidos para a empresa concessionária, libertando assim o governo para tarefas mais nobres e consentâneas com o papel que lhe está reservado.

Perante tanto brilhantismo, é difícil compreender como foi possível, embora em número diminuto, terem surgido algumas vozes contrárias a esta solução, invocando que os portugueses têm que continuar a pagar, através da taxa, 150 milhões de euros anuais, para a empresa concessionária.

Em defesa do consultor Borges, é preciso relativizar a questão da taxa, tendo em conta os seguintes aspectos: Primeiro, 150 milhões a dividir por 10 milhões só dá, em média,  15 euritos anuais por cada Tuga. Em segundo lugar, esse valor é distribuído por 12 meses. Finalmente, tudo misturado com consumo da energia, taxas, sobretaxas, ivas e supertaxas na conta da EDP, quem é que se vai preocupar com essa ninharia?

Por todos os serviços aqui referidos e por outros, que no futuro, este homem continuará a fazer ao País, não há dúvida que António Borges é, e será sempre, um Granda Filho da Pátria.


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O Bloco de Esquerda e o século XXI


Camaradas, dizia Francisco Maçã, chegou o momento das grandes mudanças a operar no nosso partido. De Hora avante, acabou-se a política do chefe único. Isso são formas arcaicas de gestão política. Práticas com as quais um partido revolucionário como BE, deve imediatamente romper.

Por isso já decidi, democraticamente, que o nosso partido passará a ser dirigido de uma forma bicéfala, cujo poder será partilhado por um homem e uma mulher, mais propriamente dito, pelo camarada João Sem Medo e pela camarada Catarina Patins.

Aquilo surgiu com uma bomba no meio dos militantes do BE. Um sussurro de vozes espalhou-se pelo enorme salão. Camarada, dizia um, isto é o despertar  duma revolução gigantesca que se avizinha no nosso partido.

Sim! Concordou o outro. Dizem até que vai ser aberto um concurso de ideias, no sentido de alterar por completo, a forma de pensar, agir e conduzir o nosso partido, passando este a reger-se por praticas inovadoras, vanguardistas e fraturantes.

Por exemplo,dizia outro, vamos substituir a nossa exigência de liberalização das drogas leves pela liberalização de todas as drogas, sejam elas leves, pesadas, duras ou assim assim.

E em relação à nossa dívida externa, também podemos evoluir bastante. Recusar apenas pagar a dívida é coisa do passado. Vamos é exigir aos Alemães, à Srª Merkel e à Troika, uma elevada indemnização pelos traumas psicológicos que nos têm infligido, ao nos terem imposto tanta austeridade.

Entretanto alguém mais avisado, num tom preocupado, retomou a questão da liderança. Mas, camaradas, e se  a experiência da direcção bicéfala não correr bem? Se aqueles dois não se entenderem, por exemplo? Voltar depois ao método antigo, não será visto como uma derrota política?

 Voltar ao método antigo, nunca!!! Gritou de imediato outro militante. Se houver divergências profundas e insanáveis entre a direcção bicéfala, podemos sempre recorrer alguém que possa acumular os dois cargos. Basta, para tal, que nomeemos um bissexual e, nesse caso, não haverá qualquer recuo.

Entretanto uma jovem com ar bastante decidido, de andar seguro e olhar penetrante, aproximou-se do microfone, pediu silencio e iniciou o seu discurso:

Pois eu, camaradas, estou radicalmente contra a ideia de um partido dirigido, conjuntamente, por um homem e uma mulher. Apresentar isso como uma medida revolucionária é o maior disparate que já ouvi em toda a minha vida.

Então nós, BE, que tanto lutamos para juntar homens com homens e mulheres com mulheres. Nós, que conseguimos o casamento entre as pessoas do mesmo sexo, vamos agora regredir centenas ou milhares de anos? Não, camaradas, juntar um homem com uma mulher não faz parte do nosso património genético. Se pretendemos algo verdadeiramente revolucionário, então o que eu proponho é uma direcção composta por vários homens e várias mulheres onde todos, sem complexos, peias ou espartilhos, se relacionem, em plena liberdade e num espírito de perfeita bigamia.

Naquela altura a assistência, que perante tanta determinação, já se encontrava ao rubro, aplaudiu estrondosamente aquela intervenção e todos gritaram em uníssono:

Viva a camarada ANA TRAGO!!!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012


A silly season de Passos Coelho


Laura, meu amor, como eu gostaria de te dar aquelas férias que tanto te prometi. Tantos lugares no mundo, tantos sítios aprazíveis, tantos paraísos por descobrir... Mas, ao pedir aos meus ministros que não fizessem férias no estrangeiro, não nos restou outra alternativa que não fosse a de virmos para fora cá dentro.

Sim, meu amor, eu compreendo...Mas logo na Manta Rota???

Nos tempos que correm, nós governantes, temos que adoptar um estilo de vida frugal, não nos devemos instalar em hotéis de cinco estrelas nem viajar em carros caríssimos de elevada cilindragem.

Sim, meu amor, eu compreendo...Mas logo num Opel Corsa???

O povo vive em grandes dificuldades, o desemprego brota por todo o País, muita gente já nem consegue pagar o empréstimo da casa, e nós, em nome da solidariedade nacional, temos que nos manter fieis às nossas origens, viver com simplicidade e não pensar em mansões de luxo nem viver em locais exóticos.

Sim, meu amor, eu compreendo... Mas logo em Massamá???

Mas Laura, meu amor, tu sabes que eu sou um homem de palavra. tudo o que eu  prometo, cumpro! desde que as circunstâncias não se alterem substancialmente, bem entendido. Por isso, logo que as condições o permitam, lá para 2014 ou 2020, logo se vê, fica a promessa que faremos umas férias de sonho,  viajaremos para o estrangeiro, talvez até em primeira classe, e levar-te-hei à tua terra natal. Só que neste momento, tal ainda não é possível como deves compreender.

Sim, meu amor, eu compreendo... Mas logo à Guiné???.

Serão umas féria inesquecíveis, meu amor, longe da política, teremos mais tempo só para nós, faremos compras, frequentaremos praias com águas cristalinas e  hei-de até cozinhar para ti aquele prato em que eu sou um verdadeiro especialista. Compreendes o que eu quero dizer querida?

Sim, meu amor, eu compreendo... Mas logo Moamba de galinha???

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Ai a minha Fundação.



Mário... Mário...  vem aqui depressa, gritava Maria.

O que é que se passa, Maria? Estás tão nervosa... Não te sentes bem? Estou óptima, descansa, está tudo bem, só que esta notícia está-me a deixar preocupada. Diz aqui que vão passar a "pente fino" todas as fundações.

Era só o que me faltava, disse Soares, com um ar bastante preocupado. E logo agora que eu me preparava para lançar uma nova fundação.

O quê? não me tinhas falado em nada, não querias partilhar comigo o lançamento dessa nova fundação? sabes bem que entre tu e eu....Calma, Maria, calma, atalhou Soares, eu só não te falei ainda em nada porque te queria fazer uma surpresa, aliás, era uma surpresa para ti e, principalmente, para o nosso Joãozinho.

E que fundação era essa que tanto segredo encerrava?. Bem, respondeu Soares, eu estava a pensar em constituir a fundação JONAS SAVIMBI. Como sabes, entre Savimbi e a nossa família sempre existiram grandes laços de amizade, solidariedade e fraternidade. Por outro lado, a família Dos Santos, ao sair vencedora daquela guerra, apoderou-se de tudo. Ele foi o ouro, o petróleo, os diamantes, dizem até que nem o marfim  do Jonas se salvou. Portanto eu acho que uma fundação em memória desse grande herói africano era mais do que justa. Nem que fosse para contrabalançar a excessiva influência que a família Dos Santos está a ganhar aqui em Portugal, que, através da filha, já comprou mais de metade do nosso País.

Mário, agora num tom mais calmo, prosseguiu: De qualquer modo, neste momento, o lançamento de mais fundações está fora de causa. O importante agora é cerrarmos fileiras na defesa da Fundação Mário Soares.

E não só, quase que gritou Maria. Não te esqueças que eu também tenho uma fundação. E escaldada como eu estou, só tenho é que estar preocupadíssima.

Soares, não percebendo a razão de tanta preocupação, disse: Mas, que eu saiba, até hoje, ainda ninguém te retirou nenhuma fundação. Pois não! disse de imediato Maria, mas tu lembras-te qual era a minha posição quando o Portas foi para ministro do governo do Durão Barroso? Eu era  Presidente da Cruz Vermelha!!! Sabes o que é que aquela triste figura, com aquele ar empretigado, me fez? Além de se referir a mim, como a "Marrequinha da Cruz Vermelha", ainda por cima me colocou no olho da rua. Tenho a certeza que neste momento, aquele imbecil, já está a esfregar as mãos para voltar à carga, e atirar às urtigas a minha fundação que muito dignamente se chama "PRO DIGNITATE".

Realmente as coisas, ultimamente não têm andado de feição para a nossa família política. O Sócrates escaqueirou o Pais, o PS perdeu as eleições, o nosso Joãozinho nem a Câmara de Lisboa conseguiu, está tudo a passar-se para a direita, todos nos abandonam, até o Alegre me deu uma facada nas costas quando se candidatou contra mim nas presidências em que eu concorri. Mas esse pagou bem caro o atrevimento quando eu convenci o mon ami da AMI, Fernando Nobre, a concorrer também contra ele.

Calma, Mário, nem tudo são derrotas. Olha o caso do Basílio Horta, ele que era todo CDS e vê lá agora como ele se transformou num PS convicto.

Hum...Não sei não, Maria, eu não confio nele, esse tipo vai sempre para onde lhe oferecem mais... É um traiçoeiro e eu ainda tenho presente aquele debate, nas presidenciais de 1991 quando ele se referiu a mim como um "Padrinho", nunca ninguém me tinha chamado um coisa daquelas, até dei um salto na cadeira. Se, naquela noite, eu não o tivesse colocado no seu devido lugar, aquele individuo, com toda aquela agressividade, ainda era capaz de me tratar por Dom Corleone. Caramba!!! Aquela noite era para se discutir ideologia e política pura. O tipo não tinha nada que se pôr ali a falar da Emaudio, do Fax, do Melancia,do Stresht Monteiro, dos 50 mil contos que a Weidleplan exigia de volta, enfim, coisas sem importância e que não eram para ali chamadas.

Mas tudo isso são águas passadas, Mário, neste momento o que me preocupa é o futuro da minha fundação. Sim... porque na tua fundação, não têm eles coragem para tocar, o País tem uma grande dívida para contigo e tu serás sempre considerado o pai da democracia Portuguesa. No meu caso já não me sinto tão segura. É por isso que eu estava aqui a pensar: E que tal se nós procedesse-mos à fusão das nossas fundações? ficaríamos com uma instituição mais sólida, inatacável e inesquecível para toda a eternidade.

Óptimo! Concordou Soares. E já pensaste no nome dessa grande instituição? Claro!!! Como se trata duma fusão chamar-se-á FUNDIÇÃO MARIA & MÁRIO SOARES.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012


De Catroga para Catroga.

Maldita noite de insónia, Catroga! Não consigo adormecer... sempre a pensar na maldita entrevista que amanhã me comprometi a dar. Oh Catroga, com a tua experiência, com a tua "rodagem" no mundo da política, na área dos negócios, nos debates, etc, etc, qual é o problema em dares mais uma entrevista? O problema, meu amigo Catroga é que eu apostava contigo, tudo aquilo que tu estejas disposto a apostar, em como o malandro daquele entrevistador, amanhã, me vai confrontar com as rendas excessivas na EDP. Maldita hora em que eu falei das rendas excessivas. Mas o que é que tu queres?  naquela altura o Passos estava a dar os primeiros passos, o Sócrates estava na mó de baixo, a comunicação social fervilhava, a Troika estava às portas de Lisboa e eu nessa altura não tinha mãos a medir. Toda a comunicação social me questionava sobre a desgraça em que o País se encontrava, fui conselheiro para as negociações entre o PSD e a Troika, enfim, eu era uma verdadeira estrela. Naquele contexto como é que tu achas que eu podia deixar de falar das rendas excessivas.

Pois é, caro Catroga, como eu percebo a tua insónia. Agora que estás na cadeira do poder daquela empresa que, ainda por cima, representa a mãe de todas as rendas excessivas, quando o tema vier à baila, só te resta dizer que afinal não haviam rendas excessivas. Ah...Isso é fácil de dizer amigo Catroga... mas não te esqueças que essas minhas afirmações ainda estão fresquinhas, pouco mais têm que um ano e os gajos da televisões são capazes de apresentar horas e horas de gravações onde eu falava dessas malditas rendas excessivas. Ficava desacreditado num ápice!

Pronto, então não te resta outra alternativa que não seja a de concordares com as tais rendas excessivas.

Também não é fácil ir por aí, meu amigo, se eu concordar com essas malditas rendas excessivas, a bronca ainda pode ser maior. No dia seguinte vou ter à perna o chinoca das TRÊS GARGANTAS que me vai logo dizer: Catloga... Catloga... cuidado com essa galganta, olha que tu agora tens que zelar pelos nossos intlesses.

Bolas... estás mesmo metido num grande sarilho!

Mas espera!!! Acho que se está a fazer luz nesta cabecinha. Se não podes dizer que sim e também não podes dizer que não, então só te resta dizer: Talvez. Por outro lado, não te esqueças que quando as rendas excessivas foram negociadas, aquilo também pertencia ao Estado. Portanto a tua única saída é dizeres: "Se havia rendas excessivas, então o prejuízo por parte do Estado, é compensado pelo lucro que o Estado encaixou, enquanto accionista da EDP"

Estou a perceber amigo Catroga, é assim quase como se um marido infiel cometesse adultério com a própria esposa, e vai daí, fica tudo em casa. Exactamente!!! Eureka, fez-se luz.

A estratégia parece-me quase perfeita, mas há aqui ainda um  pequeno problema. Qual é o problema Amigo Catroga?

Se o Estado ficou prejudicado em 100% na negociata, e, enquanto accionista, só beneficiou em 20%, que era a percentagem de acções que esse mesmo Estado detinha na altura, então para onde é que foram os outros 80%? Pois é... não me tinha lembrado desse detalhe. Bem, mas isso já são pormenores sobre os quais ninguém te vai perguntar, não te esqueças que o Português nunca aprofunda muito estes temas, o que interessa à malta são as parangonas, as highlits, as buzzwords, enfim, o que importa é não ficares calado no meio da entrevista. Portanto, toca a dormir descansado que, com esta artimanha, amanhã a entrevista vai ser um sucesso.

E assim, Catroga, pode finalmente dormir o sono dos justos.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

As Cajas, as Gajas e os Compadres.



Compadre, aquilo lá para Espanha anda tudo marafado por causa das Cajas. Parece que estão todas falidas.

E você pensa que as Gajas de cá estão melhores?. Mas eles lá parece que lhe chamam Cajas compadre!
Oh!... deixe lá compadre, deve ser tudo a mesma coisa.

Eu sei é que vi lá, numa manifestação, um espanhol com um cartaz que dizia: As Cajas são a nossa ruína, o outro dizia: Nem mais um cêntimo para as Cajas.

Oh compadre, mas você pensa que isso só se passa com os espanhóis? Você conhece ali o compadre Manel Patacho? Esse andou lá para a Alemanha a trabalhar alguns vinte anos e trouxe de lá um belo pé de meia, mas quando voltou, começou aí a meter-se com as Gajas e olhe! ficou na miséria.

Se calhar por isso é que ontem ouvi dizer na televisão que os Alemães não estão dispostos a mandar mais dinheiro para ajudar as Cajas de Espanha.

Acho bem compadre! Bem faz a Gaja que manda lá na Alemanha, em não dar dinheiro para essa maganas.