terça-feira, 7 de agosto de 2012

Ai a minha Fundação.



Mário... Mário...  vem aqui depressa, gritava Maria.

O que é que se passa, Maria? Estás tão nervosa... Não te sentes bem? Estou óptima, descansa, está tudo bem, só que esta notícia está-me a deixar preocupada. Diz aqui que vão passar a "pente fino" todas as fundações.

Era só o que me faltava, disse Soares, com um ar bastante preocupado. E logo agora que eu me preparava para lançar uma nova fundação.

O quê? não me tinhas falado em nada, não querias partilhar comigo o lançamento dessa nova fundação? sabes bem que entre tu e eu....Calma, Maria, calma, atalhou Soares, eu só não te falei ainda em nada porque te queria fazer uma surpresa, aliás, era uma surpresa para ti e, principalmente, para o nosso Joãozinho.

E que fundação era essa que tanto segredo encerrava?. Bem, respondeu Soares, eu estava a pensar em constituir a fundação JONAS SAVIMBI. Como sabes, entre Savimbi e a nossa família sempre existiram grandes laços de amizade, solidariedade e fraternidade. Por outro lado, a família Dos Santos, ao sair vencedora daquela guerra, apoderou-se de tudo. Ele foi o ouro, o petróleo, os diamantes, dizem até que nem o marfim  do Jonas se salvou. Portanto eu acho que uma fundação em memória desse grande herói africano era mais do que justa. Nem que fosse para contrabalançar a excessiva influência que a família Dos Santos está a ganhar aqui em Portugal, que, através da filha, já comprou mais de metade do nosso País.

Mário, agora num tom mais calmo, prosseguiu: De qualquer modo, neste momento, o lançamento de mais fundações está fora de causa. O importante agora é cerrarmos fileiras na defesa da Fundação Mário Soares.

E não só, quase que gritou Maria. Não te esqueças que eu também tenho uma fundação. E escaldada como eu estou, só tenho é que estar preocupadíssima.

Soares, não percebendo a razão de tanta preocupação, disse: Mas, que eu saiba, até hoje, ainda ninguém te retirou nenhuma fundação. Pois não! disse de imediato Maria, mas tu lembras-te qual era a minha posição quando o Portas foi para ministro do governo do Durão Barroso? Eu era  Presidente da Cruz Vermelha!!! Sabes o que é que aquela triste figura, com aquele ar empretigado, me fez? Além de se referir a mim, como a "Marrequinha da Cruz Vermelha", ainda por cima me colocou no olho da rua. Tenho a certeza que neste momento, aquele imbecil, já está a esfregar as mãos para voltar à carga, e atirar às urtigas a minha fundação que muito dignamente se chama "PRO DIGNITATE".

Realmente as coisas, ultimamente não têm andado de feição para a nossa família política. O Sócrates escaqueirou o Pais, o PS perdeu as eleições, o nosso Joãozinho nem a Câmara de Lisboa conseguiu, está tudo a passar-se para a direita, todos nos abandonam, até o Alegre me deu uma facada nas costas quando se candidatou contra mim nas presidências em que eu concorri. Mas esse pagou bem caro o atrevimento quando eu convenci o mon ami da AMI, Fernando Nobre, a concorrer também contra ele.

Calma, Mário, nem tudo são derrotas. Olha o caso do Basílio Horta, ele que era todo CDS e vê lá agora como ele se transformou num PS convicto.

Hum...Não sei não, Maria, eu não confio nele, esse tipo vai sempre para onde lhe oferecem mais... É um traiçoeiro e eu ainda tenho presente aquele debate, nas presidenciais de 1991 quando ele se referiu a mim como um "Padrinho", nunca ninguém me tinha chamado um coisa daquelas, até dei um salto na cadeira. Se, naquela noite, eu não o tivesse colocado no seu devido lugar, aquele individuo, com toda aquela agressividade, ainda era capaz de me tratar por Dom Corleone. Caramba!!! Aquela noite era para se discutir ideologia e política pura. O tipo não tinha nada que se pôr ali a falar da Emaudio, do Fax, do Melancia,do Stresht Monteiro, dos 50 mil contos que a Weidleplan exigia de volta, enfim, coisas sem importância e que não eram para ali chamadas.

Mas tudo isso são águas passadas, Mário, neste momento o que me preocupa é o futuro da minha fundação. Sim... porque na tua fundação, não têm eles coragem para tocar, o País tem uma grande dívida para contigo e tu serás sempre considerado o pai da democracia Portuguesa. No meu caso já não me sinto tão segura. É por isso que eu estava aqui a pensar: E que tal se nós procedesse-mos à fusão das nossas fundações? ficaríamos com uma instituição mais sólida, inatacável e inesquecível para toda a eternidade.

Óptimo! Concordou Soares. E já pensaste no nome dessa grande instituição? Claro!!! Como se trata duma fusão chamar-se-á FUNDIÇÃO MARIA & MÁRIO SOARES.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012


De Catroga para Catroga.

Maldita noite de insónia, Catroga! Não consigo adormecer... sempre a pensar na maldita entrevista que amanhã me comprometi a dar. Oh Catroga, com a tua experiência, com a tua "rodagem" no mundo da política, na área dos negócios, nos debates, etc, etc, qual é o problema em dares mais uma entrevista? O problema, meu amigo Catroga é que eu apostava contigo, tudo aquilo que tu estejas disposto a apostar, em como o malandro daquele entrevistador, amanhã, me vai confrontar com as rendas excessivas na EDP. Maldita hora em que eu falei das rendas excessivas. Mas o que é que tu queres?  naquela altura o Passos estava a dar os primeiros passos, o Sócrates estava na mó de baixo, a comunicação social fervilhava, a Troika estava às portas de Lisboa e eu nessa altura não tinha mãos a medir. Toda a comunicação social me questionava sobre a desgraça em que o País se encontrava, fui conselheiro para as negociações entre o PSD e a Troika, enfim, eu era uma verdadeira estrela. Naquele contexto como é que tu achas que eu podia deixar de falar das rendas excessivas.

Pois é, caro Catroga, como eu percebo a tua insónia. Agora que estás na cadeira do poder daquela empresa que, ainda por cima, representa a mãe de todas as rendas excessivas, quando o tema vier à baila, só te resta dizer que afinal não haviam rendas excessivas. Ah...Isso é fácil de dizer amigo Catroga... mas não te esqueças que essas minhas afirmações ainda estão fresquinhas, pouco mais têm que um ano e os gajos da televisões são capazes de apresentar horas e horas de gravações onde eu falava dessas malditas rendas excessivas. Ficava desacreditado num ápice!

Pronto, então não te resta outra alternativa que não seja a de concordares com as tais rendas excessivas.

Também não é fácil ir por aí, meu amigo, se eu concordar com essas malditas rendas excessivas, a bronca ainda pode ser maior. No dia seguinte vou ter à perna o chinoca das TRÊS GARGANTAS que me vai logo dizer: Catloga... Catloga... cuidado com essa galganta, olha que tu agora tens que zelar pelos nossos intlesses.

Bolas... estás mesmo metido num grande sarilho!

Mas espera!!! Acho que se está a fazer luz nesta cabecinha. Se não podes dizer que sim e também não podes dizer que não, então só te resta dizer: Talvez. Por outro lado, não te esqueças que quando as rendas excessivas foram negociadas, aquilo também pertencia ao Estado. Portanto a tua única saída é dizeres: "Se havia rendas excessivas, então o prejuízo por parte do Estado, é compensado pelo lucro que o Estado encaixou, enquanto accionista da EDP"

Estou a perceber amigo Catroga, é assim quase como se um marido infiel cometesse adultério com a própria esposa, e vai daí, fica tudo em casa. Exactamente!!! Eureka, fez-se luz.

A estratégia parece-me quase perfeita, mas há aqui ainda um  pequeno problema. Qual é o problema Amigo Catroga?

Se o Estado ficou prejudicado em 100% na negociata, e, enquanto accionista, só beneficiou em 20%, que era a percentagem de acções que esse mesmo Estado detinha na altura, então para onde é que foram os outros 80%? Pois é... não me tinha lembrado desse detalhe. Bem, mas isso já são pormenores sobre os quais ninguém te vai perguntar, não te esqueças que o Português nunca aprofunda muito estes temas, o que interessa à malta são as parangonas, as highlits, as buzzwords, enfim, o que importa é não ficares calado no meio da entrevista. Portanto, toca a dormir descansado que, com esta artimanha, amanhã a entrevista vai ser um sucesso.

E assim, Catroga, pode finalmente dormir o sono dos justos.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

As Cajas, as Gajas e os Compadres.



Compadre, aquilo lá para Espanha anda tudo marafado por causa das Cajas. Parece que estão todas falidas.

E você pensa que as Gajas de cá estão melhores?. Mas eles lá parece que lhe chamam Cajas compadre!
Oh!... deixe lá compadre, deve ser tudo a mesma coisa.

Eu sei é que vi lá, numa manifestação, um espanhol com um cartaz que dizia: As Cajas são a nossa ruína, o outro dizia: Nem mais um cêntimo para as Cajas.

Oh compadre, mas você pensa que isso só se passa com os espanhóis? Você conhece ali o compadre Manel Patacho? Esse andou lá para a Alemanha a trabalhar alguns vinte anos e trouxe de lá um belo pé de meia, mas quando voltou, começou aí a meter-se com as Gajas e olhe! ficou na miséria.

Se calhar por isso é que ontem ouvi dizer na televisão que os Alemães não estão dispostos a mandar mais dinheiro para ajudar as Cajas de Espanha.

Acho bem compadre! Bem faz a Gaja que manda lá na Alemanha, em não dar dinheiro para essa maganas.

sábado, 28 de julho de 2012


Relvas e a Irmandade Maçónica


Estava o Irmão Relvas com o seu aventalito, numa daquelas reúniões da Maçonaria e eis que o seu Irmão Damásio (o Manuel, não o António) lhe pergunta: Meu Irmão, que posso fazer por ti? queres ser alguém bem posicionado no mundo da política? almejas o poder absoluto, queres atingir as luzes da ribalta? pretendes dominar o maior partido político do nosso Portugal? e sobrepores-te à maldição da comunicação social a que alguns chamam o quarto poder?

Perante aquele rio de ofertas, Relvas responde: Mas, Irmão, tudo isso já eu conquistei, com o meu trabalho, com a minha inteligência e através da procura do conhecimento permanente, valores pelos quais sempre me norteei.O que eu queria mesmo, Irmão, era ser Doutor, senti esse impulso quando ouvi pela primeira vez o grande Xanana, sim! ele também sonhava em ser Doutor, mas parece que também a ele, os deveres da política lhe tolheram esse grande desígnio.

E porque não vais estudar? retorquiu o Irmão do Irmão Relvas, até podias ir para Coimbra que, segundo me disseram, era esse o desejo do grande Mandela da nossa Lusofonia.Pois é irmão, mas Coimbra é tão loooonge, são tantos quilómetros e sendo eu o futuro timoneiro deste País que tanto de mim necessita, jamais me poderia ausentar para tão logínquas paragens.

Depois de um momento de reflexão, diz o Irmão Damásio, e que tal ali para os lados do Campo Grande, é um local acessível, dali até São Bento é um pulinho e basta passares por lá só de vez em quando, ninguém vai dar pelas tuas faltas, aquilo ali ainda é menos rigoroso que na Assembleia da República.

E que curso me recomendas Irmão? Ciência Política e Relações Internacionais, respondeu de imediato o Irmão Damásio, é uma área onde o País se encontra bastante desfalcado, e se ajudares a preencher essa lacuna, será uma honra para a nossa grande Universidade.

A ideia parece-me esplêndida, disse Relvas com um gesto de assentimento, mas sabes Irmão são Taaaantatas cadeiras e eu já ando tãããão ocupado com a política.

Damásio percebeu que tinha que dar mais um passo para desbloquear aquela situação, perguntando então: Já ouviste falar de Bolonha? Claro respondeu Relvas, é uma cidade bastante turistica, até já pensei em passar por lá umas férias.

 Damásio percebendo que Bolonha não dizia grande coisa ao seu interlocutor, fez-se desentendido e foi directo ao assunto: Com o acordo de Bolonha é possível transformar experiência e conhecimento em cadeiras, portanto, com a tua experiência em Ciência Política ser-te-há atribuido 50% das cadeiras e pelas tuas capacidades em matéria de Relações, Ligações e Conexões, terás direito aos restantes 50%.

O Homem nem queria acreditar, aquilo era mais que um totoloto, era o sonho da sua vida. Uma licenciatura todinha ali aos seus pés. Porém Relvas, homem dotado dum carácter inabalável e imbuído duma profunda ética republicana, não pode deixar de dizer: Mas sabes Irmão, os meus conhecimentos são mais no âmbito de Relações Nacionais e se bem ouvi, o Irmão falou em Relações Internacionais. Tudo bem Irmão! podes colmatar essa pequena lacuna com uma cadeira de Inglês Técnico e tudo se resolve.

Relvas franziu o sobrolho e disse: O meu problema é sempre a falta de disponibilidade, ando ocupadíssimo com a política, são quase 24 horas de 2ª à 6ª feira e fica difícil encontrar tempo para tratar do Inglês Técnico. Bem, disse Damásio, se de semana não tens possibilidade e ao domingo é pouco recomendável, pelas razões que todos conhecemos, então passa por lá num sábado que o nosso reitor trata do assunto e não se fala mais nisso.

Moral da história: Não é necessário pedir-se nada a ninguém. Tem é que se ter os amigos certos.